Vinicius Gritzbach teria ajudado dois policiais civis a roubarem R$ 6 milhões do PCC
Vinicius Gritzbach, delator do PCC, foi executado no aeroporto de Guarulhos (SP) – Foto: Reprodução / TV Record
Informações privilegiadas dadas pelo empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach apontam que dois policiais civis teriam roubado seis milhões de reais do PCC. Por causa do desfalque, os criminosos também passaram a ameaçá-lo de morte.
A delação de Vinícius ajudou a derrubar casas cofre da facção. Casas-cofre são os imóveis do PCC destinados a esconder armas, cocaína, maconha e, principalmente, muito dinheiro em espécie, proveniente do tráfico internacional de drogas. As residências são construídas com bunkers e paredes falsas para despistar a polícia.
Para o MPSP (Ministério Público do Estado de São Paulo) não foi o único erro cometido por Vinícius Gritzbach, delatar integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) na visão do crime organizado. O empresário também revelou a policiais corruptos os endereços de 15 casas-cofre da facção.
Informações privilegiadas dadas pelo empresário Vinícius Gritzbach apontam que dois policiais civis teriam roubado seis milhões de reais do PCC. Por causa do desfalque, os criminosos também passaram a ameaçá-lo de morte.
Os policiais seriam os investigadores Valdenir Paulo de Almeida, conhecido como Xixo, e Valmir Pinheiro, o Bolsonaro. Eles foram citados por um integrante do PCC identificado como Tacitus em mensagens enviadas ao próprio Gritzbach e a delegados.
“O Vinícius passou informações das ‘casas cofre’ para o Xixo e o Pinheiro, esses policiais invadiram as casas ‘cofre’ sem mandado judicial, roubando milhões de reais em espécie da ’empresa’”, afirma o faccionado.
Em um e-mail, Tacitus orienta uma delegada sobre como obter elementos que ajudem a comprovar o envolvimento dos policiais.
“De posse dessa informação e dos endereços que o Vinícius lhe passou, é só coletar as câmeras da vizinhança e obterá, dentro da lei, todas as provas necessárias para que assim os responsáveis sintam o peso da Justiça”, diz ele.
Em uma mensagem enviada ao próprio Gritzbach, o integrante do PCC afirma que Xixo e Pinheiro são “vermes” e promete vingança.
“Você é um sem futuro, só que é um sem futuro que está blindado, deve ter distribuído dinheiro para toda a polícia. Caguetou vários policiais e agora está distribuindo dinheiro. Sem contar as casas cofre. Estamos tentando levantar os verdadeiros nomes daqueles dois vermes Xixo e Pinheiro. Quando conseguirmos isso, vamos nos trombar pessoalmente, seu verme”, afirma.
Valdenir Paulo de Almeida e Valmir Pinheiro foram presos em setembro do ano passado pela Polícia Federal (PF), acusados de receber R$ 800 mil do narcotraficante João Carlos Camisa Nova Júnior para livrá-lo de uma investigação sobre exportação de toneladas de cocaína para a Europa.
A PF ainda não tem informações sobre quem seria a pessoa identificada como Tacitus. O vulgo, no entanto, batizou a operação deflagrada pela PF no último dia 17 de dezembro, que culminou com as prisões de cinco policiais civis e três integrantes do PCC delatados por Gritzbach.
Entre os policiais presos estão os investigadores Rogério Almeida Felício, o Rogerinho, Eduardo Monteiro e o delegado Fabio Baena Martin, que comandava a 2ª Divisão de Homicídios do DHPP na época em que teve início a investigação sobre a morte do chefão do PCC Anselmo Santa Fausta.
O grupo é acusado de extorquir Vinícius Gritzbach para livrá-lo do inquérito. Os policiais teriam pedido R$ 40 milhões. Mais tarde, Gritzbach se tornaria réu por homicídio.