Plantas falam? Pesquisadores provam que elas emitem sons
Cientistas captaram sons emitidos por diferentes espécies de plantas relacionados com fatores externos
Já publicamos no CicloVivo muitas matérias sobre diferentes espécies de plantas: as que brilhama ponto de iluminar ambientes, as que vivem há décadas em um terrário, as medicinais com suas inúmeras propriedades e até os fungos que se comunicam usando mais do que 50 “palavras”. Mas uma nova descoberta mostra que ainda há muito o que aprender: pesquisadores gravaram sons emitidos por plantas que nenhum ser humano pode ouvir.
É isso mesmo, as plantas são capazes de emitir sons semelhantes a cliques que são únicos para cada espécie e variam de acordo cm fatores externos. É o que revela a primeira etapa de um estudo, piblicada na revista Cell.
Os sons captados pelos microfones da Universidade de Tela Aviv são semelhantes a estalos, ou estouro de pipoca, e são emitidos em um volume semelhante ao da fala humana, mas em altas frequências, além do nosso alcance auditivo.
“Descobrimos que as plantas geralmente emitem sons quando estão sob estresse e que cada planta e cada tipo de estresse está associado a um som específico identificável”, disse Lilach Hadany, da Escola de Ciências Vegetais e Segurança Alimentar, que liderou a equipe de pesquisa. “Embora imperceptíveis ao ouvido humano, os sons emitidos pelas plantas provavelmente podem ser ouvidos por diversos animais, como morcegos, ratos e insetos.”
Os pesquisadores colocaram as plantas em uma caixa acústica em um porão silencioso e isolado, sem ruído de fundo. Microfones ultrassônicos gravam sons em frequências mais altas do que o máximo detectável por um humano adulto. Os microfones foram colocados a uma distância de cerca de 10 cm de cada planta, incluindo tomates, videiras, tabaco, trigo, milho, cacto e henbit.
Antes de registrar as plantas, a equipe as submeteu a vários tratamentos: algumas plantas não foram regadas por cinco dias, algumas tiveram seus caules cortados e outras não foram tocadas.
“Nossa intenção era testar se as plantas emitem sons e se esses sons são afetados de alguma forma pelo estado da planta. Nossas gravações indicaram que as plantas em nosso experimento emitiam sons em frequências de 40 a 80 kilohertz”, explica Lilach. “As plantas não estressadas emitiam menos de um som por hora, em média, enquanto as plantas estressadas – desidratadas e feridas – emitiam dezenas de sons a cada hora”.
As gravações coletadas dessa maneira foram analisadas por algoritmos de inteligência artificial, desenvolvidos para a pesquisa. Os algoritmos aprenderam a distinguir as diferentes plantas e diferentes tipos de sons e, finalmente, foram capazes de identificar a planta e determinar o tipo e o nível de estresse ao que ela foi submetida, usando as gravações.
Além disso, os algoritmos identificaram e classificaram os sons das plantas mesmo quando as plantas foram colocadas em uma estufa com muito ruído de fundo. Na estufa, os pesquisadores monitoraram plantas submetidas a um processo de desidratação ao longo do tempo e constataram que a quantidade de sons que emitiam aumentava até certo pico e depois diminuía.
“Nesse estudo resolvemos uma polêmica científica muito antiga: provamos que as plantas emitem sons! Um campo de flores pode ser um lugar bastante barulhento, somos nós que não conseguimos ouvir os sons!”” disse Hadany.
As descobertas apontam para um mundo com muitos sons emitidos por plantas que trazem sobre escassez ou danos à água. “Assumimos que na natureza os sons são detectados por criaturas próximas, como morcegos, roedores, vários insetos e possivelmente também outras plantas, que podem ouvir as altas frequências e obter informações relevantes. Acreditamos que os humanos também podem utilizar essas informações, com as ferramentas certas – como sensores que informam aos produtores quando as plantas precisam ser regadas”, explica.
Para identificar o mecanismo por trás dos sons das plantas, como outras espécies detectam e reagem aos sons e a capacidade de outras plantas “ouvirem” estes sons, outros estudos ainda são necessários.
Fonte: ciclovivo