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Israel rebaixa relações com o Brasil e ficará sem embaixador no país

Foto: Metrópoles

O governo de Israel decidiu rebaixar o nível de suas relações diplomáticas com o Brasil, após o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não aprovar a nomeação de um novo embaixador israelense em Brasília, nesta segunda-feira (25/8). A medida foi confirmada pela representação israelense no país, que afirmou que o governo de Benjamin Netanyahu interpretou como recusa a ausência de resposta do Itamaraty ao nome de Gali Dagan, indicado em janeiro deste ano para assumir o posto. Procurado, o Ministério das Relações Exteriores não se manifestou.

Indicação

Em janeiro deste ano, o ex-embaixador de Israel na Colômbia, Gali Dagan, foi indicado pelo governo israelense para assumir a chefia da embaixada no Brasil.

O governo brasileiro, no entanto, não aprovou a indicação em meio ao distanciamento diplomático entre Brasil e Israel — e as críticas do presidente Lula sobre a violência contra palestinos na Faixa de Gaza.

O processo de credenciamento de embaixadores, chamado de “agrément”, costuma ser uma formalidade, mas, desta vez, o silêncio brasileiro foi entendido como gesto político. Israel anunciou que não fará nova indicação e que passará a conduzir as relações em nível inferior, sem embaixador em Brasília. A decisão marca mais um capítulo no desgaste entre os dois países, que desde o início da guerra em Gaza, em 2023, acumulam atritos diplomáticos.

O episódio é mais um na escalada de tensão diplomática entre os dois países. Em fevereiro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi declarado persona non grata após comparar as ações militares israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto, em discurso na Etiópia.

As tensões entre Brasília e Tel Aviv se intensificaram desde os ataques do Hamas em outubro de 2023. Lula condenou a ação do grupo palestino, mas endureceu o tom contra a ofensiva israelense que se seguiu, denunciando repetidamente o que chama de massacre de civis. Em 2025, o Brasil aderiu à ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), acusando Israel de genocídio, e divulgou notas sucessivas contra ataques a hospitais, escolas e locais de culto, defendendo que o país não poderia “permanecer inerte diante de atrocidades”.

Com a decisão desta segunda-feira, Israel ficará sem embaixador em Brasília pela primeira vez em décadas, assim como o Brasil mantém vaga sua embaixada em Tel Aviv. O canal de comunicação entre os dois governos passa a ser conduzido por encarregados de negócios, diplomatas de segundo escalão, o que reduz a interlocução política direta.

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